O Nós, novo projeto de extensão do PET, foi criado com o objetivo de transmitir as ideias de nossos petianos e divulgar seus temas e desenvolvimento de pesquisas. Procuramos, assim, incentivar a aproximação de nosso núcleo com o meio acadêmico, alunos e a faculdade. Venha então conhecer um pouquinho mais de Nós! .
Bruna Silveira Polesca
Petiana desde agosto de 2017
“Desde que entrei no PET, levei um tempo para decidir o que realmente gostaria de pesquisar, até chegar à conclusão de que a abordagem jornalística de casos de suicídio seria meu objeto de estudo. Por se tratar da área de comunicação e saúde, busquei a ajuda do professor Weden, meu atual orientador. A ideia inicial, quando comecei a formular meu tema, era de escolher jornais antigos e analisar ao longo dos anos como o suicídio era abordado nas reportagens. Mas me deparei com grandes dificuldades em encontrar esse material.
Foi com a ajuda do professor Weden que consegui enquadrar meu tema em algo viável e de meu interesse. Atualmente, pesquiso como a abordagem jornalística do suicídio é construída, e também “se” e “como” ela deveria ser feita, utilizando como metodologia a análise do discurso.
Em um primeiro momento, como trabalho de campo, entrevistei pessoalmente alguns jornalistas dos principais jornais de Belo Horizonte, sendo três do jornal “Hoje em Dia”, e outros três do “Tempo”. Agora, no trabalho teórico, estou fazendo uma pesquisa bibliográfica sobre artigos que já discutiram o tema suicídio, para então fazer uma introdução sobre a evolução das abordagens jornalísticas sobre o assunto ao longo dos anos.
Meu interesse por esse tema tem origem na sua relevância e, também, nas dúvidas que observo, nos próprios jornais, de como esse assunto deve ser abordado. No ano anterior, essa questão esteve muito em alta, principalmente devido ao jogo “Baleia Azul”, que fez diversas vítimas, e à série “13 Reasons Why“, que levantou um questionamento na mente dos espectadores se o suicídio seria um assunto a ser abordado e discutido, ou se deveria continuar a ser um tabu. Esse aspecto causa até discussões entre especialistas. Tenho acompanhado a discussão do que tem acontecido na internet envolvendo a segunda temporada dessa série, e é evidente como é um assunto que divide muitas opiniões. Se, por um lado, é considerada um gatilho e muitos pedem que seja tirada do ar, outros acreditam que ela está certa em tratar questões envolvendo o suicídio da maneira que faz.
Acredito que pesquisas como essa são importantes pois, já nas entrevistas que realizei com os jornalistas, identifiquei neles próprios uma certa dificuldade de entender qual a melhor maneira de abordar o assunto, e, até mesmo, se a matéria deveria ser feita. Afinal, os jornais se sentem “obrigados” a abordar o acontecimento, mas, muitas vezes, não sabem como fazê-lo.
Gosto muito da escrita, e acredito que esse foi um dos motivos por ter me identificado tanto com a análise do discurso. Entender como os leitores recebem as notícias e as informações que lhe são passadas e questionar se o processo de recepção exerce alguma influência em suas relações sociais e visão de mundo são questões que me causam grande fascínio.
São abordagens assim que gostaria de prosseguir utilizando. Pensar na influência das mídias sociais na vida das pessoas, ou como a mudança de canais afetou nossa rotina, do jornal impresso passando para o virtual; entender como se dá essa influência em nossa sociedade. Há teorias de que os novos meios teriam tornado a população, em geral, mais ansiosa, e gostaria de investigar se é verdade. Existem poucas pesquisas sobre essa temática e acredito que esta é uma área em que eu poderia contribuir”.