O Nós, novo projeto de extensão do PET, foi criado com o objetivo de transmitir as ideias de nossos petianos e divulgar seus temas e desenvolvimento de pesquisas. Procuramos, assim, incentivar a aproximação de nosso núcleo com o meio acadêmico, alunos e a faculdade. Venha então conhecer um pouquinho mais de Nós!
Maria Madalena Costa
Petiana desde novembro de 2015
“Sempre gostei muito de filmes. Entretanto, nunca havia parado para estudá-los, era apenas um hobby. Assistia a muitos. Quando entrei para a faculdade, não tinha conhecimento da brecha que havia para o cinema. Só fui descobrí-la ao entrar no PET, e, no núcleo, tive a oportunidade de conversar com diversas pessoas que tinham a área como foco de pesquisa.
A princípio, meus estudos foram direcionados à Psicanálise, principalmente devido à proximidade com o assunto. Entretanto, em meu terceiro período, tive aulas de cinema e entrei para o grupo de pesquisa do professor Nilson, aberto para os alunos da FACOM, chamado Realismo Cinematográfico, que foca no cinema realista. A partir desse momento, parei de assistir aos filmes apenas como hobby, e comecei a vê-los como um modo de representar a visão do diretor sobre algo. Foi o momento em que criei uma grande paixão pelo cinema, e, desde então, esse tem sido meu principal foco de estudo.
Minha atual pesquisa está diretamente ligada ao grupo de estudo do qual faço parte. Nele, temos uma lista de filmes para assistirmos, com mais de 100 títulos. Ao conhecer alguns deles, chamou minha atenção um em particular, Cópia Fiel, do diretor Abbas Kiarostami, responsável por diversos filmes na linha do cinema realista, dentre eles Um Alguém Apaixonado.
Os filmes nesse estilo têm a característica de contar histórias sem grande conteúdo narrativo, pois se ligam mais à ideia de sensações. O enredo possui um ritmo mais lento, há menos contexto do personagem ou uma linha de acontecimentos a ser seguida.
Quando, no grupo, decidimos qual filme estudar, o Nilson nos ajuda a identificar o que pesquisar e trabalhar dentro deles. O Cópia Fiel conta a história de um casal, que, durante todo o filme, nos confunde sobre a relação que têm, se, de fato, estão juntos ou se conheceram no início da história. O homem é um escritor, enquanto a mulher é uma personagem que lera seu livro. A princípio, ela o trata com admiração, mas, no decorrer do enredo, seu envolvimento se desenvolve e se assemelha à de um casal íntimo, o que gera questionamentos sobre a relação.
Tenho o filósofo Deleuze, que trabalha com o conceito de zonas de indeterminação, como principal referência para esses estudos. Segundo ele, estes seriam os momentos em que não se entende ao certo o que acontece na história, como, por exemplo, a relação entre os personagens, e há subjetivação. Para o autor, nesses momentos, o real aparece. A partir disso, o objeto que escolhi para minha pesquisa, são os momentos de reflexo em espelhos dentro do filme. Toda vez que eles acontecem, os personagens entram em algum tipo de diálogo que deixa o espectador confuso. É a zona de indeterminação e é o que tento analisar.
Além de minha primeira pesquisa, na área de Literacia Midiática, as duas outras que desenvolvi tiveram uma relação, mesmo que pequena, com o cinema. Uma delas foi desenvolvida utilizando a Semiótica, na qual fiz uma análise do pôster de um filme chamado Anomalisa, uma animação adulta feita totalmente com massinhas que levou sete anos para ser concluída. A segunda foi para a disciplina de Pesquisa em Comunicação, e tive como objeto a comparação das capas de Harry Potter e de Animais Fantásticos e Onde Habitam.
A partir de então, me dedico há um ano à pesquisa atual, e pretendo continuar focando meus estudos nessa área. Pesquisas no cinema são muito interessantes. Acredito que, geralmente, quando se assiste a um filme, há na verdade dois sendo expostos: um na tela física e um por trás. Esse segundo é o que as pesquisas tentam encontrar e entender. Normalmente é nele que se encontra a intenção e opinião do diretor, o que ele queria criticar ou evidenciar, e, então, é importante tentar ler o filme de uma forma diferente. Quando se faz um filme, alguém está querendo expressar algo e, por isso, é tão importante tentar entender o que esse objeto pode ser e significar”.