Confira o texto que a petiana Christinny Garibaldi fez para o Jornal Mural de novembro sobre o Leia Mulheres!
Hoje, uma das novidades do mercado editorial brasileiro não é um livro e sim o clube de leitura Leia Mulheres, que segue tendência internacional e já encontrou seu lugar na cidade. O projeto visa valorizar obras literárias femininas por meio de leituras coletivas e pretende dar equilíbrio ao setor, que, ao menos no quadro nacional, se vê diante de um contexto controverso, no qual a presença feminina se destaca quando o que está em jogo é o hábito da leitura, mas não se mantém quando se fala em vendas.
De acordo com a mais recente pesquisa sobre a prática de leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, 59% das mulheres do país leem livros, superando os homens, que atingem a marca de 52%. A definição de leitor considera quem leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses. Apesar da proeminência feminina nessa área, esses dados não se repetem no mercado editorial. Pesquisa coordenada por Regina Dalcastagnè, doutora em Teoria Literária e professora da UnB, revelou que 72,7% dos romances publicados pelas principais editoras brasileiras em 15 anos (de 1990 a 2004) foram de autoria masculina.
Essa iniciativa de valorizar a produção feminina se concretizou em 2014, quando
Joanna Walsh, escritora e jornalista britânica, utilizou a hashtag #ReadWomen ao postar no Twitter marcadores de Ano Novo com desenhos de algumas de suas escritoras favoritas. A sugestão ultrapassou as redes sociais, tomou forma de clube de leitura e se espalhou pelo Brasil. Em Juiz de Fora, o projeto funciona desde fevereiro deste ano, por sugestão das estudantes Letícia Zampiêr e Carolina Soares, por meio de um encontro mensal para discutir um livro escrito por uma mulher.
O clube alcançou resultados não esperados. De acordo com Letícia, editoras começaram a reconhecer o projeto e a oferecer parcerias. Um exemplo foi a proposta da editora Companhia das Letras de que o livro lido em março, por todos os encontros do Leia Mulheres no País, fosse “Poética”, de Ana Cristina Cézar, autora homenageada na Feira Literária de Paraty – FLIP de 2016.
As discussões nos encontros se baseiam em temas de determinado livro, mas não ficam restritas ao conteúdo específico de cada texto. Por isso, mesmo quem não completa a leitura do livro do mês pode participar. A divulgação do projeto acontece no Facebook, onde há detalhes sobre horário, local e informações sobre a obra selecionada.
Às leitoras e aos leitores de Juiz de Fora, o convite: Leia Mulheres!